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domingo, 24 de novembro de 2013

Todos os brasileiros são iguais. Mas uns são mais iguais que os outros

 Mensaleiros na Papuda terão dia exclusivo para visita 

Será que as senhoras do Mensalão precisarão se agachar sem calcinha sobre um espelho na revista, como fazem as companheiras dos presos não-deuses? 

O PT criou o conceito de Democracia Absolutista. O poder não vem do sangue e nem de Deus. O poder emana do PT, que é superior a Deus, porque a existência do Criador é questionada, já, a do partido, evidentemente não. Não existia Brasil antes de Lula. Toda a corrupção petista é absolvida moralmente, porque é uma corrupção do bem. É pra ajudar o partido, que tirou o povo da miséria - os pedintes que vemos nos semáforos são hologramas para nos lembrar de como o país era ruim antes do PT-. Todo o racismo petista é ignorado, mesmo quando chamam Joaquim Barbosa de crioulo invejoso e capitão do mato, porque o ministro deveria comer nas mãos do deus-absoluto Lula, que fez o favor de indicá-lo ao STF. Todo machismo, homofobia e nazismo petistas são perdoados, quando o país recebe Ahmadinejad com um tapete vermelho. Até os bandidos petistas são superiores. Alguns nem perdem o mandato, continuam recebendo seus gordos salários, mesmo condenados. Os milionários petistas também são vistos como fenômenos. Se os seres inferiores, os não-petistas, questionarem a origem do dinheiro e os empréstimos do BNDES, serão, com toda razão, chamados de invejosos. Todo não-petista pode ser acusado de racista, homofóbico, elitista - ganhando um salário de 1500 reais - e qualquer outro adjetivo mentiroso, sem direito à defesa, pois é um ser que renegou a divindade governista. E todo mundo esfrega na cara dos brasileiros essa disparidade, sem constrangimento. 

Mas os brasileiros aceitam mansamente, pois o PT acabou com a desigualdade. Os petistas merecem, portanto, um tratamento superior.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos e proletários, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num representante da elite

Agora estão dizendo que as elites do país comemoraram as prisões dos mensaleiros, querendo tomar o poder para garantir um Brasil desigual novamente.
Nossa, acho que eu dormi muito, porque da última vez que verifiquei, o Brasil continuava miserável, com a pior educação do mundo, com filas imensas nos hospitais públicos e particulares, com crianças fazendo trabalho escravo ou se prostituindo, etc, etc.
Da última vez que conferi, petistas envolvidos em escândalos estavam podres (literalmente) de ricos, inclusive o filho do Lula, e isso era comemorado como "talento para negócios". Que pena que esses cérebros das finanças não ajudaram no crescimento do país. Já teríamos um PIB superior ao dos EUA.
Daí que continuo comprando minhas roupas na feira do São José. Ainda estou pagando a viagem que fiz em julho pra Portugal. O mesmo país em que Rosemary Noronha, a namorada do Lula (segundo a própria), entrou com milhões em diamantes dentro de uma mala diplomática. Rose, aliás, fez outras tantas viagens luxuosas, custeadas com o nosso dinheiro, hospedando-se como rainha.
Da última vez que verifiquei, o uísque do Lula valia mais que meu carro. Da última vez que dei uma olhada, o salário do Genoíno como deputado queridão do povo - mas que entrou pela cota do Tiririca - superava os 25 mil mensais, fora benefícios intermináveis, fora verba de gabinete.
Então, eu não sei em que momento passou a ser coisa de elite comemorar quando um milionário corrupto que roubou o povo desdentado vai para a cadeia. Estranho seria comemorar a ida do ladrão de galinha e a absolvição dos mensaleiros. Na verdade, é bom que criminosos paguem por seus crimes na proporção do quão grave eles são. E é estranho ser considerada elite, ganhando por ano o que um deputado ganha por mês, porém entrando na faixa dos 27% de IRPF.
Bom, se essa gente é milionária e eu sou considerada de elite, então devo pertencer a outro tipo de elite. Talvez a elite moral. E olhe lá.

domingo, 22 de setembro de 2013

Hora do Curativo

Quando eu era criança, viajava com meus primos nas férias. A gente se arrebentava nas brincadeiras e correrias, mas raramente contava aos pais, porque aí nos impediriam de brincar de novo. Meu saudoso padrinho Valter estipulou "a hora do curativo". Tia Carminha e minha mãe já deixavam tudo à mão: esparadrapo, Band-Aid, mertiolate - que, na época, ardia muito -, água oxigenada e algodões. O sol ia se pondo e a gente, de banho tomado, ainda corria pela rua ou tentava se esconder, mas ele sempre nos encontrava, nos colocava sentados sobre uma mureta e começava os "procedimentos". Doía na hora, mas também era o máximo ver a H2O2 espumando sobre o machucado ou contar a quantidade de curativos que havíamos acumulado. Nunca tivemos infecções ou qualquer outro problema. Nem mesmo quando fatiei um pedaço da perna sobre uma lâmina de arar terra, caindo de uma figueira sobre o arado do meu tio. 

Acho que muitas infecções emocionais que tenho hoje decorrem da falta de coragem de limpar certas feridas e colocar um curativo. Na hora, pode doer muito mais. Mas a dor passa e, por vezes, nem cicatriz fica. Preciso estabelecer a "hora do curativo emocional" e me disciplinar a cumpri-la. Para que as coisas só doam no tempo certo de doer e não se prolonguem indefinidamente, contagiando minha alma.